Postagens

O convite

"Não me interessa o que você faz para viver. Quero saber o que você deseja ardentemente, e se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração. Não me interessa quantos anos você tem. Quero saber se você se arriscaria a aparentar que é um tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me interessa quais os planetas que estão em quadratura com a sua lua. Quero saber se você tocou o centro de sua própria tristeza, se você se tornou mais aberto por causa das traições da vida, ou se tornou murcho e fechado por medo das futuras mágoas. Quero saber se você pode sentar-se com a dor, minha ou sua, sem se mexer para escondê-la, tentar diminuí-la ou tratá-la. Quero saber se você pode conviver com a alegria, minha ou sua, se você pode dançar loucamente e deixar que o êxtase tome conta de você dos pés à cabeça, sem a cautela de ser cuidadoso, de ser realista ou de lembrar das limitações de ser humano. Não me interessa se a história que você está con...

Entropia.

Fazemos o que tem de ser feito, e a natureza sempre flui para onde deve seguir. Nós temos escolha, pensamos, desistimos, nos preocupamos, repetimos... Já a natureza apenas flui, inevitavelmente. E nossa vida segue esse fluxo natural inescapável, apesar de toda e qualquer tentativa oposta aplicada diariamente por nós. Resistência. Nós resistimos ao que é, pois temos a nossa disposição os mais variados cenários mentais do que deveria ser. Deveria ser, mas não é. Mas deveria. Então eu queria... Eu quero. Logo, não posso me permitir fluir de acordo com essa maré de absurdos dissonantes com minhas projeções. E então me resta agir, espernear, pedir, mandar, solicitar, sofrer, questionar... Fugir. Fugimos do inevitável, e em vez de desenvolvermos meios para lidar com o que é, preferimos lutar pelo "e se". E não travamos uma batalha focada no presente/futuro, lutamos pelo "se" do passado. Desejamos tão ardentemente que as coisas não tivessem sido como foram, e não s...

Unguento

O tempo é como o vento, leva todos os lamentos... Dos dias frios fica a saudade, dos quentes algum tormento. Saudades do que vi, imaginei ou senti. Não apenas do que vivi. Projetei cenários, simulei, cri. Esperei, contruí, desmorei... Desejei, mas não parei por aqui. Desconstrução, reformulação, alguma condescendência... Um ou dois copos, vinho, suco ou água benta. De toda forma o líquido faz movimentar a correnteza. Correnteza dirigida pelo vento que, nem notei, já se encarregou da minha tristeza.

Ornar.

Saltos ornamentais, cotidianos mentais. Saltos e alguma perseguição. Confusão e muita resignação. Desconhecimento, emburrecimento e falta de treinamento. Usar as palavras com a atenção que elas exigem, conhecê-las todas... Antônimos, sinônimos, acrônimos, atônitos... Buscar o que já está ultrapassado, e reinventar. Atualizar, só que não. rs Abreviar, atenuar, modificar até extenuar. Quem não encontraria diversão em ler um dicionário?! Ou quem encontraria? Acho que encontrei. Ainda há tanto a descobrir e tanto a esquecer. Imaginar, recriar, deduzir, amadurecer... Um livro a acrescentar, tomar emprestado, devolver, não estragar. Expor, repetir, reutilizar, doar. Ornou? Ornei. Adorei, vou comprar.

Ano novo?

Tempo, tempo, não tenho tempo. Atrasado ou adiantado... Só sei o que está marcado. O tempo como medimos é invenção, artifício humano, pura ilusão. Sem eletricidade provavelmente acompanharíamos o ritmo das galinhas, regulados por puro capricho da melatonina... Estar sempre atarefado, agitado, regulado... Nem sempre é proveitoso. A ocupação acalenta o ego, seu fruto é, muita vezes, um engodo. Perder o tempo ou o ganhar, parece justo assim classificar. Porém enquanto altercamos a vida está aí, o mais razoável, para mim, é apenas usar.

Idéias e impressões descabidas (Ou, como você é burro.)

Eu participo de alguns grupos de leitores no facebook e afins, e em dois deles, ultimamente, me deparei com situações semelhantes sobre as quais me senti compelida a pensar, e que me incomodaram um pouco. Posts em que leitores suscitavam dúvidas sobre determinadas passagens ou finais de livros, e outros que discordavam de opiniões sobre qual era o fato real -ou intenção do autor - por trás de algo implícito em determinada obra. E até aqueles mais clichês como discussões sobre livros "da moda" e como sua leitura colocaria o leitor em posições inferiores no escalão da sofisticação cultural... rs Pois bem, o que me incomodou de início é como as pessoas conseguem ser indelicadas quando encontram alguém que julgam estar em posições mentais menos privilegiadas que elas. Mas para isso nem precisava citar esses posts, vemos isso acontecer a todo momento nas mais variadas situações... A reflexão que eu quero valorizar aqui é sobre pontos de vistas e referenciais. Pense em algum t...

Resenha do livro "O lado bom da vida".

Tentativa sem spoiler - II. Pat Peoples, personagem central, recém saído de uma instituição psiquiátrica. Tem em torno de 30 anos, relações pessoais conturbadas mas ainda preserva respeito e alta consideração por sua mãe, principalmente, que é quem mais o ajuda inicialmente depois de sua saída do "lugar ruim". Pat é apaixonado por sua esposa, apesar do tempo separados e está se tornando uma pessoa melhor para o momento da reconciliação que ele tanto aguarda. Viciado em exercícios físicos, e na leitura de livros que sua Nikki indica a seus alunos, sofre um pouco para se readaptar à vida em família e para tomar ciência de quanto tempo exatamente esteve ausente, internado e no "tempo separados". Apesar disso segue firme em seu propósito de buscar seu final feliz, algo em que acredita veementemente. E a partir disso seguimos o desenrolar de sua adaptação ao retorno a sua própria vida, contando com antigos e novos amigos, a ajuda de um terapeuta muito mais otimista que...