O tédio na cotidiana busca pelo amor.

Talvez o amor não seja entediante. Ou, bem, tenho certeza de que a paixão não é. O que acontece, acho, é que o amor e a paixão talvez tenham um modus operandi entediante...

Confuso? É, to falando de amor, como não seria?

A paixão causa aquela sensação de que morreremos de "amor" e por isso abrimos mão do que é certo ou conveniente, para agir. Então a história acaba se tornando empolgante, afinal, saímos da rotina em busca daquele objeto de desejo. Temos que fazer peripécias para alcançar nossos objetivos. Ainda que nosso desejo seja fazer o oposto ou simplesmente permanecer inerte, o que, nesses momentos apaixonados, parece impossível. E creio que seja ela que dê o pontapé inicial para a existência futura do amor.
Já o amor, ah bem, sempre há controvérsias. Na minha concepção amor que é amor, é pra sempre. Exagerada? Romântica? Talvez.
Mas é só que eu tenho dificuldades de acreditar que um amor acaba. Que ele simplesmente se esvai no desenrolar da vida. Deve haver algo, talvez uma maturidade, que nos leve a prosseguir, para então descobrirmos que os amores deixados para trás, eram paixões.
Se eu não deixo de amar meus pais, meus amigos e afins, porque deixaria de amar um homem? Ou acharia que o amor se transformou em outra coisa? Não! Muito mais fácil acreditar na teoria de que era paixão. Hormônios, química pura. E acabou. Assim, pra mim, faz sentido dizer que acabou.

Mas o que é entediante nessa historia toda de sentimentos amorosos não é o que sentimos quando vivemos um amor/paixão, mas sim as situações as quais somos submetidos e como reagimos a isso, e termos que nos empenhar pelo relacionamento desejados.
Apresentamos sempre total vulnerabilidade. Erramos, uma, duas, três vezes... A vida toda. Juramos ter mudado, mas não mudamos. A coisa toda sempre ocorre da mesma forma, e sempre caímos. Agimos feito bobos, nos descontrolamos, fazemos e dizemos coisas que não julgaríamos que um dia seriam ditas e feitas por nós.
Nos preocupamos em demasia com alguem e com o seu em torno. É preocupação com a fivela do sapato, o tom de voz ao telefone e com a impressão que causamos a cada simples movimento, das piscadelas ao rebolado. E além disso relações envolvem entrega, disponibilidade, ação. Se queremos nos envolver mais profundamente com alguém  temos que querer e agir pela causa. Não dá pra esperar tudo acontecer, é necessário que haja um empenho. E daí a preguiça, a acomodação, e o desinteresse, podem ser mais fortes.

E o início deste processo de interesse pode começar nos flertes corriqueiros de metrô, em uma festa, no trabalho, na escola, enfim, em qualquer lugar. Nunca sabemos quando e de onde virá essa onda avassaladora que nos faz sair do prumo, que nos fará agir de maneira boba e que poderá resultar em uma possivel relação pela qual teremos que nos empenhar. (havendo interesse mútuo, por favor!).
E como reagir a a esta paixão inicial? Não reagindo. Pombas! Se ela faz nosso mundo girar fora dos eixos, tudo que tentarmos fazer, vai descarrilar e se tornar uma bomba auto-destruidora. Destruindo reputações, oportunidades e tudo mais que encontrar pela frente.
Mesmo que pareça piegas, é melhor ser sincero e se render. Se renda a ficar gago, e corar, derrubar coisas, engasgar, chorar por qualquer iniciativa não correspondida e comemorar qualquer reação mais romântica  por parte do "ser amado". Pode acreditar. Você será acertado mesmo que não queira (e torça para seu cupido não estar bêbado...), e se optar por viver isso, certamente esse embaraço todo vai lhe render, ao menos, sentimentos únicos e bastante alegres.

E não tem jeito. As histórias são tediosamente sempre "as mesmas" e sempre serão, e a vida é assim. No momento em que nosso sentimento está no auge é um auê. Borboletas no estômago, calafrios, suspiros. Até o sofrimento é bom. Por que agita, desacomoda e nos faz vibrar, nem que seja de tanto chorar em algum ombro amigo.
Daí, quando tudo passa, só o que nos resta é o ceticismo ao reclamar do sexo oposto, analisar relações, sentimentos e decidir não mais se deixar levar por esses frenesis românticos, que certamente irão nos arrebatar novamente, e nos tirar desse mundo fatídico no qual vivemos quando estamos sozinhos.
E assim, seguimos. Vivendo apaixonadamente até que então descobrimos o que é o amor. E somamos todas emoções já experimentadas com altas doses de segurança, zelo, troca constante de experiências e uma aceitação de diferenças (leia-se defeitos) que torna a companhia de alguém extrema e constantemente agradável.

E ultrapassada a fase de envolvimento inicial, partimos para a parte de relacionamentos estáveis e potencialmente duradouros.
Namoros, casamentos. Enfim, relacionamentos que podem ser ou não enfadonhos. Isso é você quem escolhe, mas esta próxima fase, fica pra outro post!

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